segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

O príncipe encantado

Adoro este texto e por vezes acho que é mesmo verdade:

«Se está à espera do Dia dos Namorados para arranjar um, não fique sentada. Faça como uma amiga minha que cada vez que sai do carro, vira o retrovisor para o lado do condutor, retoca o batom e diz com uma convicção demolidora que o Príncipe pode estar em qualquer lado. E pode mesmo. É uma questão de fé, totalmente arbitrária e aliatória, mas pode acontecer. Até porque nós, os extraordinários, somos poucos, mas andamos por aí. Isto é o que diz outro amigo meu que por acaso é mesmo extraordinário e já encontrou a pessoa certa, pelo menos por enquanto. Foi ele que um dia me explicou o que era esse maravilhoso conceito da pessoa certa.
A pessoa certa não é a mais inteligente, a que nos escreve as mais belas cartas de amor, a que nos jura a paixão maior ou nos diz que nunca se sentiu assim. Nem a que se muda para nossa casa ao fim de três semanas e planeia viagens idílicas ao outro lado do mundo. A pessoa certa é aquela que quer mesmo ficar connosco. Tão simples quanto isto. Às vezes demasiado simples para as pessoas perceberem. O que transforma um homem vulgar no nosso príncipe é ele querer ser o homem da nossa vida. E há alguns que ainda querem.
Os verdadeiros Príncipes Encantados não têm pressa na conquista porque como já escolheram com quem querem passar o resto da vida, têm todo o tempo do mundo; levam-nos a comer um prego no prato porque sabem que no futuro nos vão levar à Tour d’Argent; ouvem-nos com atenção e carinho porque se querem habituar à música da nossa voz e entram-nos no coração bem devagar, respeitando o silêncio das cicatrizes que só o tempo pode apagar. Podem parecer menos empenhados ou sinceros do que os antecessores, mas aquilo a que chamamos hesitação ou timidez talvez seja apenas uma forma de precaução para terem a certeza que não se vão enganar.
O Príncipe Encantado não é o namorado mais romântico do mundo que nos cobre de beijos; é o homem que nos puxa o lençol para os ombros a meio da noite para não nos constiparmos ou se levanta às três da manhã para nos fazer um chá de limão quando estamos com dores de garganta. Não é o que nos compra discos românticos e nos trauteia canções de amor no voice mail, é o que nos ouve falar de tudo, mesmo das coisas menos agradáveis. Não é o que diz Amo-te, mas o que sente que talvez nos possa amar para sempre. Não é o que passa metade das férias connosco e a outra metade com os amigos; é que passa de vez em quando férias com os amigos. O Príncipe que sabe o que quer, não é o melhor namorado do mundo; é o marido mais porreiro do mundo, porque não é o que olha todos os dias para nós, mas o que olha por nós todos os dias. Que tem paciência para os meus, os teus, os nossos filhos e que ainda arranja um lugar na mesa para os filhos dos outros. Que partilha a vida e vê em cada dia uma forma de se dar aos que lhe são próximos. Que ajuda os mais velhos a fazer os trabalhos de casa e põe os mais novos a dormir com uma história de encantar. Que quando está cansado fica em silêncio, mas nunca deixa de nos envolver com um sorriso. Não precisa de um carro bestial, basta-lhe uma música bestial para ouvir no carro. Pode ou não ter moto, mas tem quase sempre um cão. Gosta de ler e sai pouco à noite porque prefere ficar em casa a namorar e a ver o Zapping. Cozinha o básico, mas faz os melhores ovos mexidos do mundo e vai à padaria num feriado. O Príncipe é um Príncipe porque governa um reino, porque sabe dar e partilhar, porque ajuda, apoia e nos faz sentir que somos mesmo muito importantes.
Claro que com tantos sapos no mercado, bem vestidos, cheios de conversa e tiradas poéticas, como é que não nos enganamos? É fácil. Primeiro, é preciso aceitar que às vezes nos enganamos mesmo. E depois, é preciso acreditar que um dia podemos ter sorte. E como o melhor de estar vivo é saber que tudo muda, um dia muda tudo e ele aparece. Depois, é só deixa-lo ficar um dia atrás do outro... e se for mesmo ele, fica.»


Margarida Rebelo Pinto, em: Vou contar-te um segredo

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Pura lenda....


Diz a lenda que uma verdadeira mulher tem a casa sempre limpa e arrumada e o cesto de roupa suja e o lava-loiça vazios. Está sempre bem arranjada e perfumada. É fina, não bebe, não diz palavrões e comporta-se correctamente em qualquer momento, sitio ou circunstância. Não reclama de nada, tem muita paciência para a sua família e um sorriso no rosto e uma frase amável para todos.
Começo a suspeitar que, na realidade, sou um homem.















segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Amy Winehouse - Valerie (Bruno Mars Tribute) (VMA's 2011)

Um tributo fantástico à Amy Winehouse. EU, pessoalmente gostava muito da voz e das músicas dela. Uma grande perda para a música mundial... só espero que a morte dela sirva de exemplo para muitas "almas perdidas"!!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Racismo













Haverá um homem perfeito?
De que raça será ele?
Tanta descriminação
Só pela mera cor da pele.
Ninguém vê o coração?
Ninguém sente e desmente
Esta falta de imaginação?

Porque o RACISTA é que inventa
Estes conceitos, que são
Não menos do que vaidade,
Do que falta de atenção
Com os sentimentos, e maldade
De quem não tem coração.

Não é pelo tom da pele
Que se destinguem os homens,
Que se humilha um nosso irmão,
Que se sensura e titúla
Um homem, sem uma razão.

(30-05-1996)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Quando eu morrer











Quero-te perto ao morrer
Cheio de doçura e esplendor,
Abrir os olhos pra te ver
E morrer depois de amor,
Só de sentir teu calor,
Teu olhar entristecer.

A tua voz quero ouvir
Como hino secular
E depois, irta, cair
Só por te ouvir implorar,
Por te ouvir gemer, chorar,
Ao veres-me quase a partir.

Quero sentir tua mão
Dizer-me adeus com piedade
Por já sentir a solidão.
E despedir-me com saudade,
Ao lembrar a mocidade,
Os tempos que já lá vão.


(15-5-1996)