quinta-feira, 12 de agosto de 2010

As minhas Bijus...

Visitem o meu Facebook e vejam o que por lá tenho. Não é pra me gabar mas dizem que tenho coisas giras! :)
Bjkas

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

SEGUE-ME!

(Uma história de amor que não tem nada de estranho) - José Campanari


Era uma vez uma selva onde vivia um elefante gordo e cinzento, com uma tromba comprida, duas orelhas enormes, um rabo pequenino, quatro patas curtas... um elefante com pintas lilases que nada tinha de estranho!
Todas as tardes de Primavera, o elefante sentava-se à beira do caminho das formigas para as ver passar. Pela manhã, as formigas saíam do formigueiro e, à tardinha, regressavam carregadas de coisas que encontravam por aqui e por ali. As formigas eram escuras, tinham um par de antenas, três pares de patas... caminhavam ao mesmo ritmo, umas atrás das outras: pareciam todas iguais! Mas de tanto observá-las, numa tarde de muito calor, o elefante descobriu uma formiga negra com cintura de vespa que o deixou pasmado. Desde então ia só pra vê-la.

Quando o Verão estava quase a terminar o elefante deu-se conta que não voltaria a ver a formiga até ao Inverno passar. Então vestiu um fato aos quadrados com um casaco de botões, e sentou-se à espera da formiga negra para lhe declarar o seu amor (o fato ficava-lhe apertado porque tinha engordado, mas não se importava com isso). A formiga, que já tinha notado os olhares do elefante, transportava uma folha que dizia: SEGUE-ME!

O elefante, nem lento nem preguiçoso (porque estava contente), seguiu-a.

A formiga caminhava, o elefante caminhava... E, anda que anda, chegaram à porta de um formigueiro.

Quando todas as formigas entraram, o elefante também entrou (primeiro a tromba, a seguir o resto do corpo)... e caiu mesmo no meio do formigueiro (por sorte, as formigas já estavam todas nos seus quartos e assim não esmagou nenhuma). O elefante olhou para as portas mas eram todas iguais. Então, como se fosse um tapete, viu uma folha que dizia:

SEGUE-ME...
SEGUE-M...
SEGUE...
SEG...
SE...
S...


E a folha desapareceu por debaixo da porta!

Sem pensar duas vezes, o elefante abriu a porta e viu... um caminho longo (com o horizonte ao fundo), contornado por árvores. E mesmo no meio do caminho, estava uma formiga negra com uma folha, que dizia: SEGUE-ME!

O elefante, nem lento nem preguiçoso (porque estava muito contente), seguiu-a.

A formiga caminhava, o elefante caminhava...

De súbito, um botão do casaco do elefante saltou pelo ares. Nem lento nem preguiçoso (porque era o botão que lhe tapava o umbigo), procurou debaixo das pedras, os ramos das árvores... Cansado de procurar e procurar, voltou ao caminho para reencontrar a formiga. Olhou à direita, à esquerda, em frente, atrás... e percebeu que ela já não estava ali.

Lento e preguiçoso (porque estava um bocadinho triste), continuou a andar, fixando o chão.

De repente a tromba encalhou em algo que estava debaixo de uma árvore... Um cesto de costura! Sem pensar duas vezes, o elefante levantou a tampa e viu agulhas, linhas, tesoura, dedal... e, mesmo no meio de tudo, um botão que se movia em direcção ao fundo do cesto. Em vez de buracos, o botão tinha um letreiro que dizia: SEGUE-ME!

Com o seu fato de três botões, o elefante entrou no cesto (primeiro a tromba, depois o resto do corpo).
Nem lento nem preguiçoso (com cuidado para não se enlear nas linhas nem picar-se nas agulhas), chegou ao fundo do cesto de costura e encontrou...

um caminho longo (com o horizonte ao fundo), contornado por árvores de carrinhos de linha... e, mesmo no meio do caminho, uma formiga com um botão que dizia: SEGUE-ME!



A formiga caminhava, o elefante caminhava...

Pouco depois, o elefante, que tinha muita sede, decidiu procurar uma fonte (não sabendo que no fundo dos cestos de costura não existem essas coisas). Cansado de procurar e procurar, regressou ao caminho para reencontrar a formiga. Olhou à direita, à esquerda, em frente, atrás... e percebeu que ela já não estava ali. O elefante continuou a andar, fixando o céu; logo, pendurada num ramo de uma árvore, encontrou... uma garrafa de água!

O elefante, nem lento nem preguiçoso (porque tinha sede), apanhou a garrafa e dentro dela viu... uma formiga negra!, com um fato de banho amarelo, óculos de mergulhar, touca, três pares de barbatanas e um letreiro que dizia: SEGUE-ME!

Sem pensar duas vezes, o elefante entrou na garrafa (primeiro a tromba, depois o resto do corpo), e começou a nadar atrás da formiga subindo a tromba, de vez em quando, para respirar.

A formiga nadava, o elefante nadava...

Como nunca tinha estado numa garrafa, o elefante distaiu-se com tudo o que passava a flutuar: um peixe-borboleta, uma borboleta-caracol, um caracol-rã... Entretanto, o elefante lembrou-se da formiga. Olhou à direita, à esquerda, em frente, atrás... e percebeu que ela já não estava ali.

Lento e preguiçoso (porque estava muito triste), mergulhou atá ao fundo da garrafa e sentou-se numa rocha.

Então aproximou-se um caracol marinho. Apanhou-o e encostou-o à orelha... Do fundo daquele caracol, não chegava o som do mar, mas uma voz distante que dizia: SEGUE-ME!

O elefante, nem lento nem preguiçoso (porque estava muito apaixonado), entrou no caracol marinho (primeiro a tromba, depois o resto do corpo). E dando voltas e mais voltas, chegou até ao fundo, onde o esperava aquela formiga negra com cintura de vespa.

Desde esse dia...

no fundo de um caracol marinho,
que está no fundo de uma garrafa,
que está à beira de um caminho,
que está no fundo de um cesto de costura,
que está no quarto de uma formiga,
que está num formigueiro no meio da selva...

...uma formiga negra e um elefante cinzento vivem uma história de amor (com cintura de vespa e pintas lilases) q nada tem de estranho!



(Toda esta história, pra dizer que: por mais inconsequente, impossível e anatomicamente inadequado que seja um amor; por mais difícil que seja seguir a pessoa amada aos sítios mais impensáveis ou transpor os limites que esse amor impõe aos "amados"; há realmente amores que valem a pena!)