segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Apaixonar-se!!

Há pessoas que adoram apaixonar-se. Por qualquer coisa (por um objecto, por uma ideia ou ideal...) e a propósito de qualquer coisa. Porque é Primavera ou porque estamos no bucólico Outono, a propósito de uma viagem a um local distante ou por causa da permanência no mesmo sítio... Eu sou uma dessas pessoas (mais moderada, é certo) que acha que a paixão faz mover montanhas e que, num gesto de paixão, se cria energia cinética suficiente para fazer girar o mundo.
Assim, quem gosta de se apaixonar, acaba por ter uma filosofia própria sobre o assunto referindo muitas vezes essa força, essa energia, o impulso que o descobrir alguém lhe traz à vida, o sentido acrescido que cada nova paixão lhe dá, o bom que é ter alguém pra partilhar ideias, aventuras e projectos, a alegria dessa cumplicidade, e o mau que é não ter com quem o fazer.
Mas também há os que pensam ao contrário, que detestam envolver-se, perder o controlo, e que consideram a paixão um perigo iminente de vida ou de desagregação. Estas pessoas temem fazer e dizer coisas que não são supostas nem desejáveis para quem gosta der ter a vida "geladamente" controlada. Isto além de, claramente, detestarem sentir a angústia da perda antecipada do seu amado/a, ou o terror de deixarem de ser quem são e como são, pela existência de um outro/a que lhe pede coisas e tem expectativas.
Também estes referem que não gostam de se apaixonar porque a paixão provoca um desiquilíbrio que não compensa, vivendo de prazer em breves momentos.
Depois há ainda aqueles que se apaixonam raramente e que, mais raramente ainda, se questionam sobre o sentido das coisas. Como se a paixão fosse uma inevitabilidade, como ter sarampo na infância. Normalmente, estes têm dificuldade em acreditar que as paixões não acontecem por acaso, mas antes surgem e ganham corpo em momentos precisos da vida.

A paixão depende do nosso estado de espírito. Porque "ninguém se apaixona quando já está apaixonado, e também porque na paixão conta pouco quem o outro é"; de facto, dá pra perceber que o enamoramento tem, antes de mais, ver com nós próprios. Apaixonamo-nos quando estamos preparados para isso, quando temos o coração "limpo", quando estamos afectivamente disponíveis, quando encontramos um objecto ou um sujeito que nos "enche as medidas".

Quando nos apaixonamos e surge a tal energia cinética, achamos que o movimento dessa força é sempre em direcção ao objecto desejável, o que é mentira. A maioria das vezes nem é assim! Às vezes o objecto da nossa paixão é uma mera referência, distante e intocável, mas que serve, ainda assim, para nos excedermos a nós mesmos, para nos esforçarmos a ser mais parecidos com o que aspiramos ser.

Como estratégia de mudança, pode parecer complicado, mas lá que é eficaz, não duvidem!!