Eu tenho uma espécie de dever, que é dever de sonhar, e sonhar sempre, pois sendo mais do que uma espectadora de mim mesma eu tenho que ter o melhor espectáculo que posso e por isso sonho, e tento tornar os meus sonhos realidade. E assim me construo a ouro e a sedas em salas supostas, invento o palco, o cenário, para viver os meus sonhos entre luzes brandas e músicas invisíveis. Um dia, farei desses sonhos o meu quotidiano!"Sonhar mais um sonho impossível,
Lutar, quando é fácil ceder,
Vencer, o inimigo invencível,
Negar, quando a regra é vender,
Sofrer a tortura implacável,
Romper a incabível prisão,
Voar num limite improvável,
Tocar o inacessível chão.
É minha lei, é minha questão
Virar esse mundo, cravar esse chão,
N me importa saber se é terrível demais,
Quantas guerras terei de vencer, por um pouco de paz
E amanhã, se esse chão que eu beijei
For meu leito e perdão,
Vou saber que valeu delirar
E morrer de paixão.
E assim, seja lá como for,
Vai ter fim a infinita aflição.
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão."
Chico Buarque