segunda-feira, 28 de setembro de 2009

As vindimas





Há aproximadamente uma semana atrás, voltei à azafama das vindimas. O meu pai e uns amigos resolveram produzir artesanalmente um lagar de vinho tinto bairradino para, posteriormente, beberem entre amigos. Ao início até me ri da ideia mas percebi que eles estavam a falar a sério e ofereci-me imediatamente para ajudar, não fosse eu apreciadora de uma boa pinga! Em Cantanhede, compraram-se e escolheram-se os melhores cachos de Touriga Nacional, Tinta Roriz e Baga, de entre km de vinhas de perder de vista. Os cachos eram de uma doçura anormal, o que agoirava "vinho de grau"_ um vinho colossal.
Nesse dia, durante a vindima, vieram-me à memória recordações antigas em que eu, os meus irmãos e os meus primos gostávamos de terminar as férias de verão na aldeia, ajudando o meu avô nas vindimas e colheitas em geral. O cheiro ocre do vinho seco nas mãos, o aroma da terra, o triquetar das tesouras de podar (que quase embala) e o blá-blá-blá das mulheres que vindimavam para o patrão enquanto esmiuçavam a vida alheia, deixou-me saudades da minha infância, em que o meu pequeno mundo e inocência me "obrigavam" a ser feliz.
Foi uma sábado muito gratificante e divertido porque, depois de tudo isto, ainda houve que pisar o vinho e prepara-lhe a fermentação. Mais uma vez me ocorreram imagens da infância, em que pisava o vinho descalça com um medo de morte aos aranhões e bichas-cadelas. Hoje em dia já me é bem mais fácil sentir as uvas a esborracharem-se debaixo dos meus pés e ver passar as ditas bichas sem me assustar, até porque hoje os meus medos são outros e bem mais sérios.
Esperamos agora que o dito vinho saia mesmo um vinho colossal. A avaliar pelo tempo que demorou a começar a fermentar, vai dar um vinho de grau!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário